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A BR 319 e os senhores da terra


Por Raimundo de Holanda

27/04/2025 21h25 — em
Bastidores da Política


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A BR 319 não saiu do papel no governo Bolsonaro, onde qualquer boiada passava e flertava com o caos. E não vai passar agora, quando a política ambiental do País foi fortalecida por um "domo de ferro", na figura de Marina Silva, a ministra reconhecida internacionalmente como símbolo de resistência a ações predatórias na Amazônia.

Mas a rodovia vai ser usada para motivar eleitores e aumentar o capital político dos senhores da terra - homens que fizeram da política uma profissão. E um negócio.

A rodovia é importante para o Amazonas, um Estado geograficamente isolado, maltratado pela extensa seca no verão. Mas 40 anos depois de sua inauguração, em 1976, o mundo mudou, o interesse pela Amazônia está no seu ecossistema e o risco de destruição mobiliza países, motiva jovens, sensibiliza governos.

Em novembro, quando o Brasil receber representantes de 198  países na COP 30, em Belém, a rodovia estará como está hoje, por mais que o Grupo de Trabalho criado pelo governo Lula para estudar o asfaltamento tenha dado o seu aval. Na prática, tudo permanecerá no papel. Quem disser o contrário estará mentindo, prometendo o que não será entregue.

Esse movimento do governo Lula e de políticos amazonenses é um jogo de cena, um cata votos para as eleições do próximo ano.

Muita gente boa, mas ingênua, vai cair nessa conversa que não leva a lugar  nenhum, a não ser apontar culpados como justificativa para  resultados pífios.

Que fique claro: não somos contra o asfaltamento da BR 319. Pelo contrário, mas as condições atuais, os interesses internacionais em jogo, a dependência do Brasil da cooperação estrangeira, a divisão do governo em torno do tema, tudo leva à conclusão de que não vai acontecer o que está sendo prometido.

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ASSUNTOS: belém, BR 319, COP 30, eleiçoes 2026, Manaus, Marina Silva

Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.