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Braga x Wilson, verdades e mentiras em alta


Por Raimundo de Holanda

07/10/2022 18h34 — em
Bastidores da Política


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Os advogados do senador Eduardo Braga revelaram, durante coletiva, que doze números de telefones celulares que supostamente disseminam notícias falsas contra o candidato estão na mira da Polícia Federal e da Justiça Eleitoral. Não nominaram os envolvidos, mas foram instados a revelar quais notícias eram falsas. Muitas - disseram - mas depois de instados a revelar quais, citaram  uma: a de que "Eduardo Braga seria sócio da Amazonas Energia e que foi de Braga a determinação de colocar os medidores externos” - alvo de polêmicas e vai-e-vem de medidas judiciais.

Os advogados, entretanto, admitiram que Braga é acionista da Eletrobrás, o que torna sua posição contra os medidores conflitante com interesses marcadamente econômico que o levaram a investir em ações da empresa.

A coletiva, na verdade, nada revelou além da versão dos advogados e da advertência de que estão atentos às “fake news”. De outro lado, o governador Wilson Lima apareceu nas redes sociais desmentindo uma notícia falsa disseminada pelo WhatsApp e atribuída ao grupo de Braga:  a de que o Auxílio Amazonas não seria mais  pago.

Wilson não só confirmou que o benefício está programado e durará por muitos anos, como anunciou que o pagamento deste mês foi antecipado para o dia 11, semana que vem.

Essa é uma guerra que apenas está começando, mas a coletiva antecipada dos advogado de Braga revela uma tentativa de vacinar a campanha contra suspeitas que, como tantas outras desde o primeiro turno, age no submundo das redes em campanha de desconstrução da imagem dos adversários.

O problema dos candidatos, entre eles o próprio Braga, é a falta de percepção dos limites da “falsa verdade” e da verdade objetiva.

Braga apareceu nas redes sociais dizendo que recorreria contra decisão do ministro do STF, Roberto Barroso, que derrubou Lei do Estado do Amazonas que impedia a instalação de medidores externos. Não deve ter lido o argumento do ministro. A legislação é federal e, portanto, a Lei Estadual era inconstitucional. Violava norma da Agência Nacional de Energia Elétrica, que baixou resolução sobre a matéria ainda ano passado, permitindo que as distribuidoras insiram o equipamento no sistema e medição, desde que arquem com os custos de instalação.

O STF está a serviço da Constituição, não do senador. E respeita as decisões das agências federais reguladoras. A promessa de reverter a decisão do ministro, portanto, é uma aposta na “inocência dos consumidores de energia”.  Mas inocência não é falta de inteligência, que não deve ser subestimada pelo candidato.

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Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.