Brasil segue dividido
- Vige a doutrina alexandrista de que “apaziguar é alimentar o crocodilo para ser devorado”. Até a paz chegar muitos brasileiros serão devorados pelas feras de lá e de cá…
Com a delação do coronel Cid e a operação da Polícia Federal nesta quinta-feira, que prendeu militares e fez buscas na casa do ex-presidente Bolsonaro, ficou claro que houve um projeto de golpe de estado no Brasil. Mas um projeto mal planejado e sem o apoio da força militar concentrada no Exército. Portanto, uma ideia que não evoluiu, pelas trapalhadas do grupo, que se permitiu ser gravado em vídeo que agora serve como prova de um crime “contra o estado democrático de direito”. Há quem veja exagero nessa afirmação.
O 8 de janeiro - um badernaço em Brasilia, é a maior prova de que o projeto foi abandonado pelos seus idealizadores. Portanto, sequer uma tentativa de golpe, mas ficou evidente que o grupo estimulou a depredação das sedes dos Três Poderes.
Durante todo o governo Bolsonaro a palavra “golpe”esteve em alta, e o então presidente não escondia suas intenções. O que faltou para que o golpe se consumasse? O apoio da sociedade? Até que esse apoio existiu em dado momento, com o país dividido, polarizado, mas Bozo fez seguidos recuos, talvez esperando a adesão do Exército. Do “meu Exército”, que resolveu não entrar numa aventura considerada perigosa.
O governo Bolsonaro será alvo de estudos por historiadores durante muito tempo. Considerando a divisão da sociedade hoje, é possível que esses historiadores tenham versões diferentes sobre a passagem do capitão pela presidência da República. Certamente será venerado por uns e odiado por outros.
Mas que rumos o Brasil vai seguir a partir de agora? É difícil prever. O país não está pacificado. Vige a doutrina alexandrista de que “apaziguar é alimentar o crocodilo para ser devorado”. Até a paz chegar muitos brasileiros serão devorados pelas feras de lá e de cá…
ASSUNTOS: Alexandre de Moraes, Bolsonaro, Coronel Cid, Lula
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.