A briga pelo 'ouro' de Manaus
- Ao adicionar a expressão “poluidor/desagregador” no processo de autorização ambiental para a construção do aterro sanitário privado pela Eco-Manaus, o Ipaam passou a impressão de que fez algo ilegal e sob forte pressão política. Em jogo, R$ 500 milhões em contratos.
Manaus vive o dilema de não saber onde descartar centenas de toneladas de lixo recolhidas diariamente. A Prefeitura busca ampliar o atual aterro sanitário, mas encontra resistência do Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas. A preocupação do Ipaam é com “o agravamento de danos ambientais” na área do lixão. Mas contraditoriamente avalizou a construção de novo aterro pelo grupo Eco-Manaus, um empreendimento privado tocado pela Marquise em área comprovadamente de risco no Tarumã, com potencial de destruir recursos hídricos em área de preservação.
A disputa está na Justiça e a Prefeitura levando a pior. Não é apenas o Ipaam, que defende o fechamento imediato do aterro da Am-10, com base em suposto estudo técnico feito na área - o que o município nega.”Eles”- os técnicos do Ipaam - “nunca apareceram”.
Faz parte da ação o grupo privado interessado no fechamento do aterro, com contratos milionários para a coleta de lixo - o Eco-Manaus (leia-se Marquise), alegando que sua continuidade “é uma afronta às decisões judiciais já proferidas”.
Entrou sem pudores numa disputa judicial que diz respeito ao município e aos órgão ambientais. A Eco-Manaus defende seus interesses, não o interesse público. Ou não teria construído um novo aterro “com potencial poluidor/desagregador”, segundo avalia o próprio Ipaam, que mesmo assim autorizou a construção.
Ao adicionar a expressão “poluidor/desagregador” no processo de autorização ambiental para a construção do aterro sanitário privado pela Eco-Manaus, o Ipaam passou a impressão de que fez algo ilegal e sob forte pressão política.
É notório o interesse privado pelo novo aterro. A despesa anual do município de Manaus com coleta de lixo é atualmente de R$ 500 milhões/ano e deve aumentar com o novo lixão. Sendo privado, o custo da coleta deve dobrar em 2025. E essa é uma conta que vai sair do bolso do contribuinte. Do seu bolso...
ASSUNTOS: Eco-Manaus, IPAAM, lixo, MARQUISE
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.