Cai o verniz. Amom Mandel é de direita
Com mais de 200 mil votos e um eleitorado jovem, contestador, portanto esclarecido e crítico, com ideais progressistas, Amom Mandel dá uma guinada para a extrema direita ao manifestar apoio irrestrito ao bolsonarismo, encarnado pelo candidato do PL, Alberto Neto.
O que levou Amom a uma posição tão antagônica a princípios que defendia - de respeito às minorias, incluída aí as comunidades LGBTQIAPN+, de políticas públicas voltadas para os mais pobres e defesa do meio ambiente e da democracia?
A pergunta, aliás, deve ser outra: de quais valores democráticos Amom se desfez ao se entregar a um modelo político atrasado, que vai contra todo o seu discurso de modernidade - se é que, ao contrário do que pregava, sempre foi de direita, e apenas adornava um verniz de progressista que agora se desfaz e revela o seu verdadeiro rosto, marcado pela digital bolsonarista?
O que se percebe em Amom é um certo ressentimento, que não consegue disfarçar. Quando diz que vai para a rua todos os dias, "vou entrar de cabeça e vou fazer Alberto Neto ganhar", Amom se revela excessivamente pretensioso na sua posição de cabo eleitoral da direita, e de que seu eleitorado é composto por ovelhas que vão segui-lo para o abismo que representa o candidato que segue a orientação de um ex-presidente que saiu do submundo, acusado de praticar atentado terrorista e de ter tentado dar um golpe de estado.
Amom corre o sério risco de perder capital político conquistado no primeiro turno. Não precisava apoiar ninguém. Mas cometeu o erro de achar que ele pode decidir uma eleição para terceiros, se não foi competente sequer para conquistar o segundo lugar na primeira fase da disputa, sendo desclassificado.
Perdeu a chance de ficar isento. Seu eleitorado não é ovelha, nem gado. Sabe qual destino traçar para a cidade de Manaus ao comparecer para votar no dia 27.
O risco é Amom terminar sozinho, falando para ninguém e ser desprezado por aqueles que acreditaram nele no primeiro turno.
ASSUNTOS: Alberto Neto, amom mandel, Bolsonaro, eleiçãop 2024, Maria do Carmo Seffair
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.