O céu de junho no Amazonas é sempre azul, com um pôr do sol majestoso. Mas agora  há calor concentrado também durante a noite. E falta paciência, como se a temperatura de 30 graus sob um céu estrelado afetasse nosso cérebro e alimentasse o estresse que envenena nossos corpos. 

Nossa vida vira um caos - a relação com os amigos chega ao limite. Em casa, a paciência com os filhos se esgota. 

Se a temperatura subir mais, como preveem os cientistas, é provável que nossa contenção, nossos freios que são contrapesos à loucura, se esgotem

Nas ruas, dentro de um carro, no trânsito caótico de Manaus, nossos limites são  testados de forma radical. Buzinamos, gritamos palavrões, ameaçamos, somos ameaçados... 

Mas se tudo isso nos afeta - nós que podemos ligar um ar-condicionado mesmo contrariados com os sucessivos jabutis colocados pelos políticos na conta de energia - imagine o favelado que vive sob um teto de zinco, sem dispor do conforto que temos? São milhares de famílias vivendo nessa condição. Se reclamam, ninguém escuta.

Essa agonia provocada pelo calor  entrou na política na última semana. Tem pré - candidato chamando seus adversários de corruptos e eles respondendo que o acusador é doido. Que loucura!