Eu sei que você  não  consegue tolerar nada que o contrarie; que considera inimigo quem pensa diferente, mas se julga um defensor intransigente da democracia. 

Sei também que você defende o crescente avanço da censura, desde que não seja você a vítima dessa violência que restringe direitos fundamentais e cala sons de liberdade. 

A forma como você combate o discurso de ódio é uma contradição, porque em você, pelas suas ações, parece residir a chama desse mesmo ódio que você diz não tolerar nos outros. 

Pior, o discurso de ódio, às vezes, é uma frase infeliz postada por alguém  desinformado. Mas seu ódio o cega, produz encarceramentos, limitações da liberdade.

Você entende que o seu papel é  defender a democracia, mas sem permitir que emoções, ideias, sentimentos contrários sejam tolerados, você pode estar empurrando o país para o abismo.

Muitos o aplaudem, mas amanhã essas mesmas pessoas poderão estar jogando pedras em você.

O que surpreende é que você é inteligente, mas não percebe seus limites. 

Eu acho você uma figura importante, mas não se dê a importância que você se dá.

Seja humilde e não se julgue dono do mundo porque esse mundo gira e tem duas faces.

Você tem tanto a oferecer ao Brasil, mas seu orgulho, seu deslumbramento com o poder ofusca o que você tem de mais valor, que é a capacidade perdida de pacificar o país.