Caso Dantas x Seduc: Uma denúncia inútil, uma admissão de crime premiada
- Apesar da admissão de que havia falhas e 'negócios' no serviço de transporte escolar e que dava mensalinho a deputados, a empresa recebeu R$ 57 milhões até dezembro, R$ 12 milhões a mais do que o contrato original com a Seduc
Era agosto e as denúncias de mau uso de recursos destinados ao transporte escolar explodiam em vídeo vazado pelo Ministério Público de Contas. O “dono do negócio”, o empresário Francisco Dantas, revelava que não sabia se o serviço era integralmente realizado, que desconhecia a origem e a formação de motoristas e monitores, que compartilhava o negócio com empresas de prepostos de prefeitos e, pior, que destinava um percentual do que recebia do Estado para bancar políticos na Assembléia Legislativa do Amazonas.
Era caso para suspender o contrato ou, no mínimo, intervir na empresa. Mas o vídeo teve outro efeito. O secretário de então, Luiz Castro, pediu demissão, o caso saiu das manchetes, na semana seguinte havia se transformado em uma notinha no noticiário e depois em um silêncio cúmplice - das autoridades e de parte da imprensa - que chancelou a continuidade dos serviços da Dantas Transporte sem uma única punição. Ao contrário: a empresa recebeu R$ 57 milhões até dezembro, R$ 12 milhões a mais do que o contrato original feito em caráter precário com a Secretaria de Educação.
Se o empresário admitiu que não prestava integralmente o serviço e que dava um “cala boca”aos políticos, manter o contrato superfaturado foi criminoso. Como incompreensível foi a paralisia da investigação do órgão de controle logo após o pedido de demissão do secretário.
ASSUNTOS: Amazonas, Corrupção, Dantas Transporte, MP de Contas, Seduc, transporte escolar
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.