A causa das tragédias não é a chuva. É o homem
- O inverno chegou forte. Tudo como sempre foi. Mas muita gente fica surpresa com ruas alagadas e desabamentos, barrancos cedendo levando casas e sonhos. Quem viveu vários invernos sabe que nada mudou. O ciclo das chuvas é o mesmo. O que mudou foi o comportamento das pessoas.
Manaus aterrou nos últimos 40 anos cerca de 70 cursos d’água e sobre eles foram construídas moradias, ruas foram abertas. O resultado não podia ser outro: pessoas perdendo casas, móveis molhados e comprometidos, carros levados pelas águas.
Mas quem pensa que essas pessoas são as únicas a sofrer com as chuvas, se engana.
O asfalto arrastado pela chuva, os buracos abertos em avenidas atrapalhando o trânsito, os engarrafamentos, tudo isso é colocado na conta do contribuinte. O prejuízo é de toda a sociedade.
O que precisa mudar é o costume de construir sobre barrancos ou sobre igarapés aterrados.O próprio poder público erra ao erguer casas à beira de igarapés - com os prosamins-cupins do erário.
A proposta de saneamento é boa, mas sua aplicação é um engodo. E a gente vai engolindo isso, engolindo e os políticos lucrando, a sociedade enganada. No próximo inverno não será diferente…
ASSUNTOS: chuva, desabamentos, Manaus
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.