Compartilhe este texto

Censura no governo Lula será implacável


Por Raimundo de Holanda

02/01/2023 20h06 — em
Bastidores da Política



Com a justificativa de enfrentar “o discurso de ódio e desinformação na Internet”, o governo Lula acaba de criar a Secretaria de Políticas Digitais. Na prática,  Lula   parece pouco interessado em manter as redes sociais como instrumentos de interação, de trocas de ideias e avanços nas relações interpessoais, mas apertar a censura, na medida em que atribui à nova secretaria ingerências em assuntos já garantidos  em lei, como a “proteção às vitimas  de violações de direitos no ambiente digital”.

E vai mais além, ao buscar favorecer o que entende ser “jornalismo profissional”, rendendo-se a interesses de grupos de mídia, outrora poderosos, mas que mesmo em franca decadência o apoiaram ostensivamente na campanha eleitoral do ano passado.

Se Lula se sente devedor desses grupos, deve encontrar outros meios para pagar essa dívida…

O fato de cidadãos terem ganhado voz, espaço crítico e capacidade de disseminar ideias - que o PT vê como ameaça - é um avanço que deve ser estimulado, não limitado, como é claramente a intenção do novo governo.

O ambiente digital pode ser um inferno - e é, em certa  medida, mas também é um espaço de liberdade que deve ser garantido. Liberdade se estimula, não se restringe nem se bane.

Ao adentrar em uma área sensível, o governo induz as plataformas que “abrigam o pensamento do mundo” a fazerem censura de conteúdos, especialmente os de opinião, para não serem alvos de processos, muitos dos quais descabidos, movidos por autoridades acusadas comprovadamente de delinquir.

O novo governo precisa explicar melhor a ideia maluca de “desenhar políticas públicas de educação midiática”. Vai tentar alfabetizar um povo a seguir uma cartilha que o PT vem desenhando há 20 anos, para impor uma ideia de pensamento exclusivamente petista e autoritário? Ou tentar um projeto de poder que não será possível em um País com ampla liberdade de opinião e pensamento?

 

Veja também:

Secretaria vai propor políticas para financiamento de jornalismo e exigências de conteúdo nacional em streaming

 

Siga-nos no

ASSUNTOS: Bolsonaro, Brasil, censura, internet, Lula, rede social

Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.