Censura no governo Lula será implacável
Com a justificativa de enfrentar “o discurso de ódio e desinformação na Internet”, o governo Lula acaba de criar a Secretaria de Políticas Digitais. Na prática, Lula parece pouco interessado em manter as redes sociais como instrumentos de interação, de trocas de ideias e avanços nas relações interpessoais, mas apertar a censura, na medida em que atribui à nova secretaria ingerências em assuntos já garantidos em lei, como a “proteção às vitimas de violações de direitos no ambiente digital”.
E vai mais além, ao buscar favorecer o que entende ser “jornalismo profissional”, rendendo-se a interesses de grupos de mídia, outrora poderosos, mas que mesmo em franca decadência o apoiaram ostensivamente na campanha eleitoral do ano passado.
Se Lula se sente devedor desses grupos, deve encontrar outros meios para pagar essa dívida…
O fato de cidadãos terem ganhado voz, espaço crítico e capacidade de disseminar ideias - que o PT vê como ameaça - é um avanço que deve ser estimulado, não limitado, como é claramente a intenção do novo governo.
O ambiente digital pode ser um inferno - e é, em certa medida, mas também é um espaço de liberdade que deve ser garantido. Liberdade se estimula, não se restringe nem se bane.
Ao adentrar em uma área sensível, o governo induz as plataformas que “abrigam o pensamento do mundo” a fazerem censura de conteúdos, especialmente os de opinião, para não serem alvos de processos, muitos dos quais descabidos, movidos por autoridades acusadas comprovadamente de delinquir.
O novo governo precisa explicar melhor a ideia maluca de “desenhar políticas públicas de educação midiática”. Vai tentar alfabetizar um povo a seguir uma cartilha que o PT vem desenhando há 20 anos, para impor uma ideia de pensamento exclusivamente petista e autoritário? Ou tentar um projeto de poder que não será possível em um País com ampla liberdade de opinião e pensamento?
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Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.