A chantagem que Bolsonaro diz que sofreu e os crimes não revelados
Ao revelar que sofreu chantagem na escolha de nomes para compor tribunais superiores, o presidente Bolsonaro admite que foi vítima de um crime. O presidente sequer falou em tentativa, mas que “sofreu chantagem”. O que é muito grave, porque levanta a suspeita de que um magistrado não chega às cortes superiores por seus conhecimentos jurídicos, mas por pressão de padrinhos sem escrúpulos ou por “chantagem” explícita, revelada por um presidente que, ou não está no seu estado normal, ou se sente de tal forma fragilizado que se torna alvo de chantagistas capazes de revelar segredos dos quais compartilham, o que é gravíssimo em uma democracia.
Como Bolsonaro não diz quem o chantageou e nem foi claro se cedeu a chantagem que ele afirma ter sido vitima, não seria o caso de acusar o presidente de crime de responsabilidade?
Se Bolsonaro nomeou ministros para tribunais nas circunstâncias aqui abordadas não seria o caso de uma severa investigação sobre o caso? E, muito mais importante, os nomeados abrirem mão da posse nos seus cargos em razão de suspeitas que o próprio presidente se encarregou de espalhar? Ou todos - o presidente e os indicados - são cúmplices de um crime, ou Bolsonaro perdeu de vez a noção do cargo que ocupa.
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Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.