Chuva, alagações e um culpado
- O bueiro entupido por copos descartáveis, panela velha, pneus e até fogão é resultado da falta de consciência das pessoas que hoje sofrem com as alagações.
- A culpa é dos governos? Talvez. A culpa é de cada um de nós? Sim, porque a cidade é nossa e a gente precisa tratá-la com respeito.
Passei meses pensando que, se a chuva voltasse, a vida em torno da casa floresceria. As samambaias recuperariam seu verde perdido no verão. A cidade, com suas ruas quentes e desarborizadas, ganharia vida.
Mas quando ela caiu ficou presa nos bueiros entupidos, alagou ruas, viadutos, passagem de nível, deixou famílias ilhadas em carros.
Em meio às tentativas de ajudar amigos mais próximos que tiveram suas casas invadidas pelas águas, uma pergunta que ouvi repetidamente: de quem é a culpa? E logo apareceu uma lista de autoridades sobre as quais houve cobranças e xingamentos.
A culpa não é da chuva, independentemente do seu volume. A culpa é dos governos? Talvez. A culpa é de cada um de nós? Sim, porque a cidade é nossa e a gente precisa tratá-la com respeito.
O bueiro entupido por copos descartáveis, panela velha, pneus e até fogão é resultado da falta de consciência das pessoas que hoje sofrem com as alagações.
A chuva é um milagre. Ela fertiliza a terra, produz vida, reduz o calor. Se provoca tragédias é porque somos desatentos e cruéis com nós mesmos.
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.