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Chuvas colocam à prova eficácia do Prosamim: Reprovado


Por Raimundo de Holanda

20/02/2023 19h16 — em
Bastidores da Política



A construção de conjuntos habitacionais às margens dos igarapés de Manaus e o saneamento dos diversos braços de rios que cortam a cidade, era uma  ideia interessante e necessária. Bancada pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento - o Bird - o saneamento não passou de uma farsa. Na verdade, os igarapés que não foram aterrados acabaram sendo transformados  em esgotos a céu aberto. As favelas cederam lugar a prédios de apartamentos  cujo esgotamento sanitário termina exatamente onde existiria saneamento: os igarapés.  Resultado: as alagações continuaram e o problema de moradia não foi resolvido.

As últimas chuvas revelaram  o engodo de um programa que custou ao contribuinte mais de R$ 5 bilhões, financiados em parte pelo Bird e em parte pelo  Banco para o Desenvolvimento da América Latina - (o CAF). Não foi dinheiro que caiu do céu. Essa conta vem sendo repassada aos contribuintes amazonenses.

As últimas chuvas provocaram alagações em uma área ”saneada e preparada para eventos naturais”. Outra farsa. Os apartamentos foram construídos sobre igarapés aterrados, que durante a chuva “ressuscitaram”, como zumbis saídos de túmulos, envoltos em lixo, chorume e fezes. A obra é de fachada.

Talvez a intenção dos diversos governantes tenha sido a melhor possível, mas tem se revelado uma tragédia.

A Defensoria Pública está pedindo que o Governo do Estado e a Prefeitura destinem recursos para aluguéis de famílias que moram em apartamentos atingidos. Uma problema que se repete a cada inverno

O programa - vendido como o melhor projeto de saneamento da cidade, precisa ser reavaliado.

Primeiro, os governantes precisam entender o que significa sanear um igarapé e não transformá-lo em esgoto.

Segundo, construir moradias em áreas sem riscos,  que não é o caso das unidades erguidas às margens desses mesmos igarapés.

Terceiro, responder claramente para onde está indo os dejetos produzidos pelos moradores, embora esteja claro: os igarapés que seriam saneados.

Basta de brincadeira! Basta de enganação! Basta de jogar o dinheiro do contribuinte no lixo.

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ASSUNTOS: Amazonas, Banco Mundial, Bird, Manaus, Prosamim, Saneamento de Igarapés

Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.