Com fome fica difícil defender a Zona Franca de Manaus
Três mil casos de tuberculose ano passado no Amazonas é a notícia ruim destes dias. A doença está relacionada a extrema pobreza e a fome. Contabilizados os últimos dez anos, a tuberculose atingiu 30 mil amazonenses. É muito para um Estado cuja economia não para de crescer, mas sem relação com o padrão de vida da população. Uma riqueza para poucos, mesmo considerando os empregos gerados e as pessoas remuneradas.
O problema reside exatamente aí, na identidade do produto da renda. Cerca de 80 mil empregos é coisa pequena. Tão pequena que vem colocando em xeque um modelo de desenvolvimento que incomoda o Sudeste, mas também começa a incomodar os amazonenses, por ser concentrador de renda.
De certa forma os amazonenses pagam pelo lucro da indústria - e de resto os brasileiros na cadeia de incentivos fiscais concedidos para seus negócios.
Quando aparece liderando o ranking da tuberculose, o Amazonas passa para o país uma imagem ruim. Primeiro, de que a riqueza produzida é mal distribuída. Segundo, que os governos não fazem o uso correto da parte que deveria ter como destino final o cidadão, em forma de serviços públicos - educação, saúde, transporte, moradia…
O Amazonas, com a riqueza que produz, poderia liderar outros rankings, como o da educação, por exemplo.
ASSUNTOS: Amazonas, economia, PIB, tuberculose, vírus, zona franca de manaus
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.