Como se livrar da cadeia no Brasil
- A justiça afrouxou para os grandes e apertou para os pequenos, que imaginavam ter direitos em um país respirando novos ares com os bacanas indo em cana.
- Não vão. Nunca. Veja um caso local: a Polícia do Amazonas prende um grupo de jovens delinquentes (Os Mauricinhos) que tocavam o terror em Manaus. Inquérito aberto, marginais presos até se descobrir que eram "filhos de papai".
O crime compensa? É uma pergunta que, se feita dez anos atrás, seria fácil responder: não. Mas os fatos surgidos a partir de 2022, com o Supremo Tribunal Federal revendo atos que ele mesmo referendou em muito dos casos, a resposta é constrangedoramente outra: sim, desde que os delitos sejam do colarinho branco.
Ou o ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, acusado de corrupção, lavagem de dinheiro e condenado a 13 anos de prisão não estaria solto. É ficha limpa.
Aliás, a lista é longa e alguns nomes você conhece muito bem: Marcelo Odebrecht, Alberto Yousseft, José Dirceu, Eduardo Braga, Fernando Pezão, Sérgio Cabral, André Vargas, Aécio Neves, Renan Calheiros. Tem mais...
É verdade que houve falhas processuais, mas isso não desqualifica as acusações nem as provas encontradas.
A justiça afrouxou para os grandes e apertou para os pequenos, que imaginavam ter direitos em um país respirando novos ares com os bacanas indo em cana.
Não vão. Nunca. Veja um caso local: a Polícia do Amazonas prende um grupo de jovens delinquentes (Os Mauricinhos) que tocavam o terror em Manaus. Inquérito aberto, marginais presos até se descobrir que eram "filhos de papai".
Um juiz plantonista teve peito de manter as prisões, outros dois se julgaram suspeitos de julgar um pedido da defesa para libertá-los.
Que final teve o caso? Os bacanas estão soltos. Vão ter que cumprir frouxas medidas cautelares. Faltou a tornozeleira eletrônica (feita para pobre, preto e pardo).
O que lastimar? Os caras são filhos de bacanas, aloprados, mas meninos do bem. Você acredita?
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ASSUNTOS: Manaus, mauricinhos, polícia
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.