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O gemido da cama no confinamento


Por Raimundo de Holanda

21/05/2020 20h00 — em
Bastidores da Política



Se era ruim  a relação familiar nos aglomerados subnormais - favelas - agora ficou pior. Os casos de incesto, estupro e violência doméstica se tornaram mais frequentes. O confinamento - se protege do coronavirus - abre uma porta para a delinquência.

Quando não há violência há o compartilhamento de intimidades do casal com os filhos menores. Neste caso, de forma indireta, porque a casa é pequena, o casal divide o quarto com três ou quatro filhos e as relações sexuais, mesmo em momentos de “sono” das crianças acabam  sendo presenciadas.

Um pai disse-me: “a gente tinha intimidade durante o dia, quando nossos filhos saiam para a escola. Agora temos que esperar eles dormirem. Pior, acho que minha mulher engravidou de novo”.

Ninguém faz sexo sem barulho e a cama das casas  mais simples é feita de madeira, o chão é de madeira,  acompanha o vai-e-vem da “paixão”. Não dá para a criança ficar acordada. O espaço para a intimidade ficou reduzido.

É natural que crianças vejam mais do que  os pais fazendo sexo: algumas pensam que o pai está maltratando a mãe. E isso também gera complexos  com reflexos em suas vidas.  Fora  a violência real que é, infelizmente, comum.

As razões são múltiplas”: neste periodo de confinamento  falta trabalho, falta pão. E com os filhos dentro de casa, sem a merenda da escola, a geladeira ficou vazia.

Cenário perfeito para a desarmonia familiar e essa explosão de violência que se vê nas favelas de Manaus, envolvendo famílias e vizinhos.

Os R$ 600 de Bolsonaro parecem mais os 300 que o acompanham nas manifestações pro cloroquina. Não resolvem o problema da fome, nem ajudam a combater o coronavirus.

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ASSUNTOS: COVID-19, crianças, favelas, incesto, Manaus, sexo, violencia, violência, violência, Coronavírus

Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.