A violência [por trás das mortes pelo coronavírus] que o Amazonas preferiu ignorar
A propaganda oficial do Estado do Amazonas sobre os índices de violência no período da pandemia, que vai de março a junho, não mostra os 3.283 mortos, vitimas de outro tipo de violência: a omissão, o descaso, o despreparo, o divórcio do governo com a sociedade. Entretanto, traz um dado intrigante: nesse período de confinamento e “relativa tranquilidade”, foram feitas 3.300 prisões em Manaus. Provavelmente contabiliza aí os 20 funcionários do governo presos na Operação Sangria, acusados de participar de uma organização criminosa que superfaturava a compra de respiradores para o tratamento da Covid-19. Entre os acusados pela Polícia Federal está o governador Wilson Lima, apontado como sendo o "chefe da ORCRIM".
Imagem 1 - 'Ulha já?" é uma expressão muito usada pelos caboclos amazonenses para certos tipos de informação que eles não confiam...
Mesmo algumas mortes em razão da pandemia, dada a omissão do governo e a rejeição de pacientes na rede hospitalar, podem ser caracterizadas como “tentativa de homicídio”, como foi o caso da paciente rejeitada no Hospital Nilton Lins, cujo video viralizou nas redes sociais. Ou ainda os profissionais de saúde, que morreram ou adoeceram por não disporem de equipamento de proteção no tratamento de pacientes com Covid-19.
Se nas ruas os roubos caíram 15,7% e os furtos 13,3%, dentro do governo aumentaram os esquemas para ganhar dinheiro fácil. Assim, houve aumento de roubo e de furto sim, é o que se deduz de levantamento feito pela Polícia Federal, ao afirmar que uma Organização Criminosa atuou dentro do governo do Amazonas nesse período para desviar dinheiro publico.
Os números da propaganda oficial não batem com realidade deste dias.
Imagem 2 - É preciso entender o significado de homicídio e quantas mortes pelo coronavírus se enquadram num cenário de omissão e despreparo
Imagem 3 - Quadro publicitário produzido pelo Secretaria de Segurança do Governo do Amazonas ignora um período triste para os amazonenses
ASSUNTOS: covid-109, governo do amazonas, mortes por coronavírus, wilson lim, Coronavírus
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.