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Covid abriu as portas para a corrupção e o tráfico de drogas no Amazonas


Por Raimundo de Holanda

03/05/2021 19h43 — em
Bastidores da Política


  • A entrada silenciosa no Amazonas do Terceiro Comando Puro (TCP), com ligações pentecostais, é um elemento a mais no explosivo caldeirão do tráfico de drogas no Estado.   É quase um exército narco religioso, que exerce forte atração no meio de jovens pobres,  pelo apelo a devoção a Deus, as drogas e as armas.

Se a pandemia de Covid 19 no Amazonas destruiu 12,5 mil vidas, arrasou a economia, provocou  desemprego, também favoreceu a corrupção da política e o tráfico de drogas.

Se o volume de entorpecente apreendido parece muito - algumas centenas de milhares de quilos,  revela apenas o varejo do que, no atacado, representa volume incalculável que alimenta duas mil “bocas” em Manaus e faz da cidade um corredor de exportação de maconha e cocaína. Entre a primeira e a segunda onda, afrouxaram a vigilância sobre o movimento das organizações criminosas. Livres, lucraram, delinquiram, abusaram, corromperam e mataram

De Manaus partem negociações diretas com fornecedores de drogas  na Colômbia e no Peru. O controle da rota, que se dá pelos rios da região, é precário. Alguns poucos  policiais são corrompidos. Quando não facilitam a entrada da droga pela fronteira, roubam o produto e  exigem resgate. Foi o caso dos PMs  do Amazonas envolvidos  no roubo de drogas de um bunker de uma das facções que  operam no Estado.

Denunciados (?), estão sendo processados. O tráfico tem consequências nefastas,  especialmente para os jovens pobres, que formam a linha de defesa do tráfico, distribuem o produto ou são treinados para a guerra que as facções promovem pelo controle dos pontos de vendas.

O Cartel do Norte, uma dissidência da Família do Norte dizimada pelo “exército” do Comando Vermelho(CV), resiste a extinção e procura reabilitar o papel da FDN,  facção  regional que dominou o tráfico no Amazonas até  2017.

Mas o pior é a entrada ainda silenciosa do Terceiro Comando Puro (TCP), com ligações pentecostais.  É quase um exército narco religioso, que exerce forte atração no meio de jovens pobres,  pelo apelo a devoção a Deus, as drogas e as armas. A maioria faz parte de igrejas neopentecostais.

Essa mistura de religião e tráfico é perigosa. Foge totalmente ao controle das autoridades. E as razões são conhecidas...

Essa pandemia não veio para provocar apenas mortes. Ela abriu espaço para todo tipo de criminoso - aquele que faz compra superfaturada de respiradores e insumos hospitalares, ao  batedor de carteira da esquina e ao traficante de drogas. 

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Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.