CPI da Saúde parou, mas já abriu a Caixa de Pandora e revelou seus demônios
A medida judicial que determinou a paralisação dos trabalhos da CPI da Saúde por suposto desrespeito a uma norma regimental, chega com atraso - depoimentos colhidos, provas juntadas.
Não se discute uma decisão judicial. Cumpre-se, apesar dos prejuízos que eventualmente possa causar à própria justiça e à sociedade.
E a justiça, no caso, reside naquilo que estava fluindo e agora é abruptamente paralisado. Não na medida judicial, que se ampara numa interpretação dúbia do Regimento Interno do Poder Legislativo, relativa aos critérios de escolha dos membros da CPI.
Justiça reside no empenho dos parlamentares em levantar dados, compilar documentos, ouvir testemunhas.
Mas um fato relevante, que tem repercussão legal não pode ser sustado : a Comissão, que trabalhou incansavelmente até esta terça-feira, conseguiu abrir a caixa de pandora da saúde, expondo todos os seus males.
E como na Caixa de Pandora da Mitologia, a CPI, que pode ser alterada, com o possível novo membro, mesmo que quebre o jarro das provas, não vai conseguir mudar a esperança, que foi entregue intacta para uma sociedade que estava descrente nos políticos.
Nem tirar dos seus membros atuais o reconhecimento de que fizeram um trabalho sério, com ética e responsabilidade.
Que se reconheça isso - há políticos sérios, voltados para o interesse público.
ASSUNTOS: AMAZONAS RESPIRADORES, Big Amigão, cpi da saúde, MP, MPF
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.