CPI da Saúde produz efeito tóxico e atinge a todos
Há um vento tóxico que expele da CPI um forte odor que contamina todo o sistema de saúde. É como se os membros da Comissão, a cada depoimento, usassem bisturis para abrir corpos em decomposição. No exame de vivos extraem segredos escondidos e falsas ‘”verdades”, como a da ex-secretária do governo do Amazonas que admitiu, em audiência, que errou e que não estava preparada para o exercício da função pública.
Foi usada ? Talvez. Mas essa é uma historia de horror contada todos os dias e onde não há santos. Há uma farsa nos depoimentos, uma fuga desesperada de ser confrontado com a verdade, ou aceitar essa verdade a partir do argumento de que “eu não sabia o que fazia”. “Eu atestava e pagava”, sem saber o que estava fazendo.
Se a CPI da Saúde encerrasse nesta quarta-feira já teria cumprido o seu papel. Fez o que nunca foi feito - expeliu o pus de abscessos agora abertos.
O que vai ser feito a partir de agora depende das autoridades judiciais e dos órgãos de controle. Que também pecaram - seja pela omissão, seja pela falta de interesse, seja pela absoluta dependência que têm do Executivo - o Pai de todos, o ente que rega as necessidades de outros poderes, que compõe, que indica, que nomeia, que é determinante “nas horas de dificuldade”.
Dá para ver que não apenas o setor de saúde apodreceu - mas também o sistema politico e judicial, constituídos a partir de composições e amarrados a dependência financeira.
Ou se muda isso, ou o futuro estará definitivamente comprometido.
ASSUNTOS: Amazonas, CGU, corrupção na saúde, cpi da saúde, Manaus, mpe, MPF, Operação Sangria, respiraores
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.