Crise na Venezuela: Lula age como estadista
- Como age com cautela - apesar de muito criticado por parte da imprensa - o governo brasileiro se credencia para mediar uma crise com sério risco de ser agravada nas próximas horas.
Manaus é a cidade de preferência dos refugiados da Venezuela que entram no Brasil pela fronteira com Roraima. Por isso preocupa muito a atual crise no país vizinho. Hoje há cerca de 50 mil venezuelanos em Manaus, a maioria em subempregos ou pedindo esmolas.
Eis aí um assunto importante para ser discutido pelos candidatos a prefeito, que não podem ignorar os problemas causados pela imigração, neste caso forçada, com pessoas perseguidas e que precisam de apoio. Não basta acolher, é preciso gerar empregos, construir ou oferecer moradias, inserir crianças em escola.
É fácil compreender a preocupação do Brasil com a crise política em Caracas e a forma cautelosa com que o presidente Lula vem atuando. Romper com o governo Maduro, como fizeram Argentina, Peru e Chile, entre outros, com seus diplomatas obrigados a deixar o país, não ajuda numa solução de curto ou médio prazo. Ajuda quem está disposto a uma interlocução com a oposição e o atual ditador Maduro. É o que Lula vem fazendo com notável destreza.
Fora a inegável simpatia dos petistas pelos governos de esquerda, é preciso calibrar a ação diplomática em momentos de crise. Não fora esse papel que o país desempenha, as embaixadas argentina e peruana, onde estão exilados oposicionistas perseguidos pelo governo de Caracas, teriam sido invadidas hoje pela polícia. O Brasil passou a responder por esses países e suas embaixadas passam a ser respeitadas como território inviolável de um país amigo.
Como age com cautela - apesar de muito criticado por parte da imprensa - o governo brasileiro se credencia para mediar uma crise com sério risco de ser agravada nas próximas horas.
O Brasil, age, portanto, como um País que vê muito mais longe e que tem um papel importante pela construção ou manutenção da paz no entorno de suas fronteiras.
ASSUNTOS: Lula, Maduro, Manaus, Venezuela
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.