Decadência do catolicismo e a fé religiosa - retratos deste 12 de outubro
Este 12 de outubro foi um retrato do quanto o Brasil mudou nesses últimos 40 anos. E com essa mudança, a fé religiosa, a decadência da Igreja Católica e o avanço do protestantismo. Nossa Senhora Aparecida continua sendo a padroeira do Brasil, mas é uma mãe com menos filhos.
O catolicismo, predominante até os anos 90, cedeu espaço a outras denominações religiosas - que também avançam sobre movimentos sociais como os " SemTeto" e "Sem Casa”.
Não fosse a aversão dos autodenominados evangélicos às imagens, provavelmente nossa senhora também seria hoje símbolo da fé para dezenas de igrejas pentecostais que surgiram nos últimos anos.
E por que esse 12 de outubro foi diferente e mostrou claramente um Brasil com a religiosidade invertida? Porque as homenagens à padroeira contaram com poucos devotos, mas no dia anterior as lojas estavam cheias. Afinal, no dia 12 de outubro também é comemorado o Dia das Crianças.
Com cerca de 100 milhões de adeptos, as novas igrejas avançaram sobre o catolicismo, cooptaram fiéis, adotaram o estilo de propaganda da velha Igreja Católica do Século XVI, vendendo um lugar no Céu e um espaço de glória na Terra.
Nunca entregam o que prometem, mas as denominações cresceram, criaram grandes bancadas parlamentares para influenciar na política, ocupar tribunais e acabar com o chamado estado laico, com as igrejas inclusive pleiteando ser representadas na Corte Suprema por um ministro “terrivelmente evangélico”.
A Igreja Católica no Brasil precisa ser reinventada. O que a atraia acabou. Sua decadência foi lenta, começou após o Concilio Vaticano Segundo, que tentou modernizá-la, acabando com a missa em latim, entre outras mudanças que tiveram impacto negativo em seus milhões de seguidores.
Se continuar como está, um dia os evangélicos, apenas como objeto de propaganda e não da fé, vão se apropriar do santuário de Nossa Senhora Aparecida, a Padroeira do Brasil. E o catolicismo no País morrerá de vez…
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.