A delegada no limite da insubordinação
É fato que a delegada Joyce Coelho prestou, enquanto titular da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (Depca), relevante serviço ao Estado do Amazonas. Mas sua transferência, depois de oito anos, deve ser encarada com naturalidade.
Joyce foi designada para a Delegacia Especializada em Assuntos Infracionais. Não gostou e viu na medida "ingerência política".
Esse comportamento, fora da curva, surpreendeu e causou desconforto dentro da própria polícia, exatamente por se tratar de uma profissional respeitada, avessa à polêmicas.
Joyce criou um "climão" ao fazer uma declaração impactante: a de que não tem medo de trabalho, mas "existem valores" que para ela "são inegociáveis".
A delegada precisa esclarecer que valores inegociáveis foram colocados à prova e em que medida isso a impactou.
É sabido que houve a presença isolada de uma deputada em algumas ações da polícia, o que resultou em pedido de explicações pelo Minstério Público. Mas pelas declarações da delegada, há outros inconvenientes. Mas quais?
De novo a suposta presença de uma deputada. Ou os pedidos que diz não ter atendido e que reagir como reagiu não se trata de "insubordinação" porque não teria "rejeitado ordem legal".
Mas passou a ideia de insubordinação ao não levar o caso à Corregedoria ou ao delegado geral, ao menos que se saiba.
Sair atirando não ajuda a imagem de uma instituição que tenta sarar feridas ainda abertas e se aproximar da sociedade.
Tudo lamentável, uma implosão dos valores que a polícia buscava sedimentar.
ASSUNTOS: Amazonas, Débora Menezes, DPCA, Joyce Coelho, Manaus, Polícia Civil
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.