Ao dizer para milhares de fiéis reunidos no Espaço Via Torres, que "isso não é uma eleição" e sim "uma guerra espiritual", o deputado Silas Câmara coloca Manaus no centro de uma disputa entre o bem e o mal, onde, segundo ele, poderes malignos conspiram contra "o servo de Deus". Silas, que lidera a bancada evangélica na Câmara dos Deputados, apoia o prefeito David Almeida (Avante), candidato à reeleição.

O deputado entende que não há outra saída a não ser reagir vigorosamente, e pergunta para os fiéis:"a gente deixa (colocar alguém na prefeitura que vocês não conhecem.) A gente deixa ou a gente briga?. "A gente briga". E os aplausos o calam. 

Silas vê em Alberto Neto (PL) a figura de Satanás, que precisa ser eliminada através do voto daqueles que acreditam em Deus.

Exagero à parte, é preciso compreender o discurso de  Silas como uma reação contra a extrema direita, sem se afastar da  direita na qual se sente incluído, a direita conservadora, que defende valores como família, Deus, Pátria e liberdade.

Não há Satanás nessa disputa. Há um lado com seus erros, suas ambições. Não é, como o parlamentar diz, "uma luta do bem contra o mal", mas é uma luta de poder, onde um dos lados peca pelo excesso, pelo engodo, pela tentativa de iludir o eleitorado. Se isso é obra de Satanás, então Silas tem razão e é preciso reagir.