Desvendando o desaparecimento de Dom Phillips e Bruno
Se ninguém mais, a procura de holofotes, atrapalhar, avançando em cima de determinações (emanadas em tempo hábil pela Justiça Federal no Amazonas), estipulando prazo exíguo (5 dias) para apresentação das provas colhidas, as investigações em torno do desaparecimento ou assassinato do jornalista Dom Phillips e do indigenista Bruno Pereira logo mostrarão as circunstâncias do crime e seus autores.
Até este domingo, a força tarefa montada para investigar o caso colecionava provas: duas embarcações apreendidas, uma delas com sangue, provavelmente de uma das vítimas, um suspeito - Amarildo Oliveira (o Pelado) preso, uma mochila contendo notebook e outros documentos encontrada por mergulhadores no rio Itaguari, no Vale do Javari. Estava amarrada em uma árvore, abaixo d'agua, o que indica que nela deve haver provas, possivelmente imagens da abordagem dos dois homens por seus prováveis matadores. Um caso que será esclarecido após cuidadosa perícia no computador encontrado e entregue à Policia Federal.
Nunca uma investigação em área de risco foi tão eficiente e tão constante.
É até uma ofensa para os profissionais que atuam na busca dos desaparecidos, expondo suas próprias vidas, ilações de que não há, ou não havia, no caso, uma atuação efetiva do estado brasileiro no sentido de esclarecer o desaparecimento do jornalista e do indigenista.
Mas há, se não do Estado personalizado no seu dirigente, mas dos órgãos que atuam na região – seja o Comando Militar da Amazônia, a Policia Federal, a Policia Militar, que aliás prendeu o suspeito do crime, ou o Corpo de Bombeiros do Amazonas.
A repercussão internacional do caso criou de um lado comoção geral, de outro grupos sempre dispostos a se aproveitar dos holofotes como decisivos para fazer a máquina do estado, travada por conflitos ideológico e ativismo judicial, funcionar. Geralmente esses grupos chegam atrasados e são louvados por uma imprensa que deixou de ser isenta e tem um lado nesse momento de intensa e perigosa divisão País.
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.