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Dino, o ator político


Por Raimundo de Holanda

13/12/2023 21h03 — em
Bastidores da Política


  • A oposição não foi tão mal na inquirição a Dino, como avaliaram analistas baseados na chamada “imprensa profissional”, que continuam cegos.

Flávio Dino é mesmo um ator político, daqueles que sabem como ocupar o palco para  irritar. E fez isso muito bem como ministro da justiça. Ou para convencer uma plateia miúda, que insinua ser hostil, a rir com ele,  ouvi-lo e até aplaudi-lo. Esse ator político, que pouco revelou de suas previsíveis intenções, passou na sabatina do Senado, arrotando notável saber jurídico -  “vim aqui apenas responder ao atendimento dos dois requisitos constitucionais: notável saber jurídico e reputação ilibada”. 

Vai ser ministro do Supremo Tribunal Federal, com a reserva de poucos senadores que participaram das inquirições na Comissão de Constituição e Justiça. Ainda assim, sua indicação foi  folgada: 17 a 10 votos. No plenário foi uma lavada: 47. A 31.

O Dino que foi “sabatinado’ era outro homem, agora afável, medindo o tom da voz e as palavras. “Um lobo na pele de cordeiro”, como lembrou  o senador Carlos Portinho, do PL do Rio de de Janeiro.

Falando da isenção necessária ao papel de magistrado, Dino entrou no campo das cores: “Todos nós que aqui estamos temos cores diferentes. Estamos com ternos, gravatas diferentes. Quando temos campanhas eleitorais, vestimos camisas de diferentes cores. No Supremo isso não acontece.Todas as togas são da mesma cor. Ninguém adapta a sua toga ao seu sabor. Todas as togas são iguais”. 

Dino não conhece como alguns colegas da corte se comportam, ou que o preto da toga é formado a partir de uma mistura de cores, ou da ausência de luz…

A oposição não foi tão mal  na inquirição a Dino, como avaliaram analistas baseados na chamada “imprensa profissional”, que continuam cegos.

Destaque para Eduardo Girão, do Partido Novo,  Carlos Portinho, do PL e Damares Alves, que em dado momento chegaram a constranger Dino, mostrando suas contradições.

E coube a mesma oposição, através de Magno Malta e outros, a abordar questões sem relevância, como o fato de Dino ter afirmado ser comunista. Não é esse o defeito do novo ministro. São outros - os excessos, o sentido ameaçador de seus discursos pretéritos, que nesta quarta, por absoluta estratégia ou conveniência, ele conseguiu conter. 

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ASSUNTOS: Flávio Dino, SENADO, STF

Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.