O  fim dos radares em Manaus nas últimas administrações contribuiu para o aumento dos acidentes de trânsito, em níveis consideráveis. Mas o retorno dos "corujinhas", mapeando padrões de traços de rostos e comparando-os   com registros nos bancos de dados disponíveis em diversos órgãos do governo - do Detran ao "E título", passando pela biometria agora exigida para habilitar qualquer número de celular, ou conta bancária, atenta duplamente contra a privacidade dos cidadãos. E, ao que parece, o objetivo é menos controlar a velocidade dos veículos, mas vigiar pessoas.

Já abordamos esse assunto algumas vezes. O que espanta é a indiferença dos cidadãos.

O programa adotado não é apenas municipal. Está conectado a uma rede nacional que serve a uma implacável vigilância em nome "da segurança".

É fácil compreender por que o programa, que atende pelo nome de Córtex e tem a digital do governo Lula, não está preocupado com o trânsito de veículos, mas de pessoas politicamente expostas ou não. 

Em Manaus, vias como Avenida das Torres tem velocidade máxima de 60km, o que vem causando engarrafamento excessivo nos horários de pico. Mas isso não é  importante nem para a prefeitura de Manaus nem para o governo do Estado, e menos ainda para o governo federal, já que o propósito é outro: vigiar o cidadão.

A tecnologia é um instrumento  poderoso que pode ser usado contra adversários políticos. Em ano pré-eleitoral, uma ferramenta fora de controle e, muito provavelmente, a serviço dos governantes de plantão. 

É verdade que alguns criminosos têm sido capturados, o que reforça o argumento dos governos de que a segurança ganhou na tecnologia um aliado fundamental. Mas o que eles escondem é bem mais grave: a violação da intimidade de milhões de brasileiros.

Qual o propósito? A segurança ou um projeto de poder que os governos querem que seja duradouro?