Dois momentos infelizes de Alberto Neto, o capitão
- Neto decidiu sacrificar princípios em nome de uma ideologia sem valores e sem princípios...
O voto do pré-candidato a prefeito de Manaus, Alberto Neto, pela liberdade do também deputado Chiquinho Brazão, acusado de ser um dos mandantes da morte da ex-vereadora Marielle Franco, repercutiu mal até mesmo entre seus seguidores. Se a ideia foi seguir uma diretriz do comando bolsonarista, de se contrapor a uma ordem de um magistrado em particular, sacrificar princípios não foi o melhor caminho.
E seu voto não deixou de surpreender. Dias antes produziu um vídeo afirmando que era necessário proteger a vida, independentemente se o criminoso é deputado ou se não é deputado. Todos devem responder à justiça brasileira."
Neto precisa amadurecer. O tempo de fazer um discurso para o público interno consumir e tomar decisões entre quatro paredes se contrapondo ao que foi dito, ficou no passado. O patrulhamento hoje é permanente, a exposição de uma figura pública é 24 horas e seu escrutínio e julgamento pela opinião pública imediatos.
Mas Neto não errou sozinho. Errou o comando da Câmara dos Deputados, que poderia ter trabalhado junto a opinião pública para derrubar a decisão do Ministro Alexandre de Moraes para manter sua prerrogativa de definir o destino de um parlamentar nestes casos, mas que votaria imediatamente a sua cassação, permitindo que o Judiciário restabelecesse a ordem da manutenção da prisão.
Era uma forma de reagir a decisões açodadas de um ministro que insiste em causar polêmica e dividir o país, além de preservar o que determina o artigo 53 da Carta de 1988: "que parlamentares só poderão ser presos em flagrante". E flagrante é "certeza visual, evidência", o que ainda está sendo apurado. Mas há motivos para a cassação, pelo histórico criminoso de Brazão.
Com a decisão do plenário de manter o encarceramento do parlamentar, perdeu a Câmara dos Deputados. Perdeu a oportunidade de tomar as rédeas de jogo de gato e rato no qual os poderes legislativo e executivo estão sendo devorados em nome de uma ordem juristocrática que no Brasil é denominada de "democracia".
ASSUNTOS: Alberto Neto, Amazonas, Chiquinho Brazão, eleições 2024, Marielle Franco, Poderes
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Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.