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A dor de Arthur


Por Raimundo de Holanda

28/05/2024 21h05 — em
Bastidores da Política


  • A postagem de Arthur Virgílio, ex-prefeito de Manaus, sobre a morte prematura do filho, Arthur Bisneto, revela duas coisas: uma dor que ele sabe que não vai passar e a promessa de um reencontro, que é sempre inevitável.
  • Mas preocupa o sentido de sua mensagem. Arthur é uma lenda viva, colocado à frente de seu maior desafio: superar a perda para desfrutar com leveza da companhia daqueles que ficaram e que são muito importantes para ele: netos, filha, a mulher que o acompanha. Força, Arthur.

Derrota da liberdade

Num país que prende muito - a população carcerária chega a 700 mil - o Congresso Nacional derrubou por grande maioria o veto parcial do presidente Lula à lei que acaba com a saída temporária de presos - Natal, Ano Novo e outras datas festivas. Ao tempo em que sela um estado de reclusão em muitos casos permanente, o Congresso adota uma política de exclusão de direitos que não atinge apenas o apenado, mas filhos agora penalizados duplamente com a ausência, por anos, de seus pais.

O argumento dos parlamentares é que muitos delitos ocorrem durante a chamada saidinha, mas pesquisas apontam que menos de 6 por cento dos que gozavam da prerrogativa cometiam crimes. Um percentual pequeno considerando o número de presos que usufruíam do  benefício.

O efeito colateral da medida ainda está por ser avaliado. Mas obviamente a decisão do Congresso pode resultar em revolta no sistema prisional, ao tempo em que facilita o trabalho de cooptação de novos " soldados" pelo crime organizado.

Para os que defendem a medida  é bom lembrar que os presídios brasileiros, que custam caro ao contribuinte, são um grande inferno. Os que sobrevivem ao cumprimento da pena saem com o compromisso de trabalhar em atividades criminosas do PCC e do Comando Vermelho.

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ASSUNTOS: Amazonas, Arthur Bisneto, Arthur Virgilio Neto, Manaus

Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.