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Economistas migram para Uber, advogados fazem churrascos para sobreviver


Por Raimundo de Holanda

01/05/2023 20h10 — em
Bastidores da Política



 

O alerta chega com uma nota do Conselho Regional de Economia do Amazonas (veja abaixo): a profissão está acabando. A concessão de novos registros  caiu para 27 ano passado, o menor número dos últimos anos, fora os que tiveram o direito de exercer a profissão  suspenso por inadimplência: 56% dos 1,5 mil economistas habilitados não vinham pagando a anuidade junto ao Conselho. 

Quer dizer, numa era em que as empresas precisam de economistas em razão da própria dinâmica do mercado, que  exige a presença desses profissionais em negócios complexos, cada vez menos economistas ingressam no mercado de trabalho, o que os leva a exercer outra profissão, como motoristas de Uber.

Já a OAB, diferentemente de outros Conselhos, tem privilégios excepcionais, “tem autonomia e  independência, não se sujeita a administração pública”, segundo julgado do Supremo Tribunal Federal. Não é auditada pelo TCU, tem sua caixa de auxílio aos advogados que é inauditável, “nem se equipara as autarquias especiais e os demais conselhos de classe”. Tem um caixa milionário e sua presidência é disputadíssima. Tem vaga assegurada para compor plenos dos tribunais regionais e superiores. É o Conselho que mais arrecada e menos contribui para aperfeiçoar os profissionais que chegam ao mercado de trabalho. Resultado: Cada vez mais advogados com registro na OAB seguem outras profissões.

O  mercado é para os mais bem relacionados. Vale a origem familiar e as relações com o poder. Fora  que o advogado é “doutor”, um privilégio do Brasil colônia que, por conveniência, é mantido até hoje.  Mas ser doutor e não faturar nem três salários mínimos por mês não é negócio  para um grande número de advogados”. Isso está levando mais e mais formados em direito   para outras profissões: garçom, motoristas, vendedores de churrascos. É a busca pela sobrevivência que o diploma não assegura.

Para os jornalistas, a situação é ainda mais grave. Não há um Conselho estabelecido, acabou a exigência do diploma para o exercício da profissão que foi invadida por aproveitadores.

Com o surgimento da Inteligência Artificial muitas empresas começaram a demitir os poucos jornalistas que ainda eram mantidos pela chamada imprensa profissional.

Os tempos mudaram, mas se está ruim para economistas, imaginem para as demais profissões…

Veja também: Profissão de Economista pode se tornar extinta no Amazonas, indica Corecon

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ASSUNTOS: advogados, AI, Amazonas, Inteligência Artificial, jornalistas, Manaus

Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.