Eduardo Braga e a mulher de César
Eduardo Braga não é corrupto, segundo seus advogados, que reagiram ao indiciamento do senador amazonense pela Polícia Federal. Eles desqualificaram a delação premiada de um executivo da Hypermarcas, hoje Hypera Pharma, que acusou o representante do Amazonas no Senado - e outros dois colegas de bancada - Renan Calheiros e Romero Jucá - de favorecer o grupo em troca de uma grana preta - R$ 20 milhões.
Os advogados afirmam ser da natureza parlamentar fazer conexão com empresários e deles receberem - grifo da coluna - "contribuições legítimas para campanha política". Assim, estaria tudo registrado no TSE.
Bom, é esperar para ver no que vai dar esse quiproquó - mais um envolvendo o senador. É muito provável que tudo acabe numa deliciosa pizza caboclinho, aquela mistura de massa e tucumã. O cenário aponta para isso.
O inquérito foi entregue ao relator do caso, o ministro Edson Fachin e encaminhado para parecer do Procurador Geral da República, Paulo Gonet Branco, a quem compete formalizar a denúncia.
Muito provavelmente o PGR seguirá a opinião vigente no Judiciário brasileiro, de que o que foi apurado na Lava Jato não serve como prova, porque as delações teriam sido feitas sob coação.
Mas há um detalhe no caso envolvendo o senador. A provável ligação com o recebimento de dinheiro indevido ocorreu a partir de documentos colhidos pela Polícia Federal durante busca e apreensão na casa do executivo Nelson Melo, onde foram encontradas tabelas, uma das quais apontava recursos para o "Projeto Parintins 1", no Amazonas, o que seria, no entendimento da PF, uma ligação do senador com contratos fictícios.
Mas os advogados de Braga chamam isso tudo de "ilação esdrúxula". E podem ter razão. Afinal, é indiscutível que Braga é como a mulher de César. "Não é apenas honesto. Parece honesto..."
ASSUNTOS: Edson Fachin Paulo Gonet, Eduardo Braga, Hypermarcas, Lava Jato, Mulher de César, SENADO
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.