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Eleitores se recusam a reciclar o lixo que candidatos jogam dentro de casa pela TV


Por Raimundo de Holanda

12/10/2022 9h37 — em
Bastidores da Política


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Lixo não ganha eleição. Os candidatos ao governo do Amazonas e a presidente da República precisam entender isso. Quando despejam mágoas, ressentimento e ódio dentro da casa do eleitor, através dos programas eleitorais na TV, estão invadindo a privacidade de gente que quer ser feliz. O necrochorume que isso provoca é de alta toxidade e sua capacidade de aflorar sentimentos reprimidos é grande. Mas tem riscos de atingir quem o dissemina.

Como um  cirurgião que promete eliminar uma cicatriz e acaba abrindo uma ferida que pulsa, esses candidatos erram no tom e o resultado é o inverso do que esperam. É o que está ocorrendo, por exemplo, com a campanha de Bolsonaro (presidente) e Eduardo Braga (governo do Amazonas).

Aliás, Eduardo, que é inegavelmente uma pessoa inteligente, precisa ler um pouco mais sobre aquele que foi o esteio do MDB contra a ditadura e um dos grandes responsáveis pelo momento atual, de liberdade e de independência dos poderes: Ulysses Guimaraes. Sim, é de Ulysses a lição: “Na política, quem cuida de coisas pequenas, acaba anão.”

A rede de desconstrução dos adversários é perversa. Reúne o que há de pior na internet e na TV. E no caso da TV aberta, o telespectador é obrigado a engolir tudo isso, com a opção de correr para o banheiro e vomitar, fechar a TV ou desenvolver um ódio contra quem desperta sentimentos que ele, para continuar a viver, havia colocado  no armário.  Wilson Lima parece mais comedido, mas tentado a seguir o mesmo caminho. É um erro.

Por que não propostas ? Que têm projeto de futuro e contemplam os interesses do povo? Por que se sentem no direito de jogar lixo na casa do eleitor? Um mago do marketing disse, em recente conversa comigo, exatamente isso: que essa eleição será vencida por aquele que entender que o eleitor ficou muito sensível, e que feridas não  podem ser abertas sob sério risco de se transformar em uma lesão  maior.

"Quem desconstrói os candidatos são os meios de comunicação. Não é o candidato que fala mal do outro. Quem tem que julgar o candidato é o eleitor, que sabe fazer escolhas. O eleitor não precisa de ninguém para induzí-lo.  Ele tem capacidade e informações para fazer o melhor julgamento", disse o 'bruxo'.

Que tal os candidatos beberem água, como aconselhou o  deputado federal mais votado nestas eleições, Amom Mandel ?  A água é vida. Mas na política tem outro significado: de redenção, de esperança, de  prosperidade, de renascimento. Renasça Eduardo! Renasça Wilson!

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Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.