Em nome da segurança, amazonenses abrem mão do direito à privacidade
- Numa sociedade polarizada como a nossa, a tentação de utilizar dados registrados pelas câmeras contra opositores é imensa...
Em troca da privacidade e em nome da segurança, os amazonenses ganharam câmeras que fazem reconhecimento facial e identificam criminosos, mas também seguem nossos passos, vigiam nossas vidas, entram em nossa intimidade.
Nos seguem, nos controlam. Nas mãos de governos é um risco à liberdade e à democracia, porque se controlam o cidadão, invertem o sentido do direito constitucional de ir e vir, sem ser molestado.
A vigilância é uma forma de violação de um direito fundamental - o da individualidade, o de garantir que o cidadão não tenha seus dados pessoais expostos ou violados.
Numa sociedade polarizada como a nossa, a tentação de utilizar dados registrados pelas câmeras contra opositores é imensa. Você vai com seu carro para um motel - não é o meu caso - e essa é uma fotografia perigosa nas mãos de inimigos de ocasião...
Mas a sociedade, desatenta ou temendo a criminalidade, aceita. Na prática ela concede aos governos autoridade sobre suas vidas.
Se de um lado as câmeras ajudam a combater o crime, as violações no trânsito, de outro limita a liberdade do cidadão e invade sua intimidade. Vale o preço ?
ASSUNTOS: Amazonas, liberdade, Manaus, privacidade
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.