Entraves ao desenvolvimento do Amazonas
A decisão da juíza federal Maria Eliza Andrade, de suspender as licenças para a Eneva explorar gás e Petróleo no Campo do Azulão, no Amazonas, revertida no dia seguinte pelo Tribunal Federal da 1a Região, é o início perturbador de entraves ao desenvolvimento. Não será a primeira barreira a ser interposta no caminho da empresa. Pesa no atual momento político o discurso ambiental, fortemente difundido pelos organismos multilaterais, com a Amazônia no centro de um debate internacional sobre clima e meio ambiente.
No meio de tudo isso, ONGS com origem suspeita e financiamento duvidoso, envolvendo comunidades indígenas e se colocando à frente de movimentos destinados a parar qualquer iniciativa de desenvolver a região.
A verdade é que se esperou meio século para prospectar e explorar as riquezas que a Amazônia possui - ouro, petróleo, gás e outros minerais. Perdemos a oportunidade de fazer história.
Levamos tempo para perceber que o mundo mudava, que a roda girava.
Mas se é fundamental respeitar o meio ambiente e contribuir para um mundo melhor, também é importante produzir riqueza, criar alternativas de desenvolvimento, hoje concentrado apenas na Zona Franca de Manaus.
A presença da Eneva na região é apenas um passo para um novo ciclo, que não pode ser interrompido pela impressão de um apocalipse ambiental, negando estudos realizados por cientistas que convalidaram a expedição das licenças para a empresa explorar gás natural.
É fato que a questão ambiental está na ordem do dia e vem sendo discutida em todos os foros mundiais. Foi pauta da última reunião do Grupo dos Sete Países Mais Ricos do Mundo - o G7. Mas é hora de o Brasil colocar suas cartas na mesa: o que impacta mais o meio-ambiente e que pode levar à destruição do planeta? A exploração sustentável dos recursos naturais na Amazônia ou a corrida armamentista que os países ricos estão desenvolvendo, inclusive aumentando seus arsenais nucleares?
Cabe a todos uma reflexão sobre o mundo futuro que queremos - com menos pobreza, maior distribuição de renda, mais dignidade para as pessoas, especialmente as vivem em situação de penúria na Amazônia, uma região rica, mas pouco explorada.
ASSUNTOS: Amazonas, Amazônia, Campo do Azulão, Eneva, gás natural, Justiça Federal, meio ambiente
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.