O golpe militar de 1964 só teve êxito porque contou com  o apoio civil. Grandes empresários e meios de comunicação poderosos se aliaram aos golpistas. E durou mais de um quarto de século porque esses mesmos grupos foram beneficiados com forte aporte financeiro. Não por acaso a tv Globo passou de uma emissora sem expressão para se tornar uma rede nacional, divulgando os feitos do governo militar através do Jornal Nacional e de um programa pensado exclusivamente para mostrar as realizações dos militares - "Amaral Neto, o repórter".

Não dá para esquecer esse período, por mais sangrento que tenha sido. Não dá porque se houve tortura - e houve. Se houve censura, e houve. Se o Congresso Nacional foi fechado. E foi. Se ministros do STF foram aposentados compulsoriamente para dar espaço a juízes aliados ao regime. 
Não dá porque seria ignorar que esses grupos cresceram  enquanto havia tortura, censura, repressão, usufruindo de negócios que conferiram a eles um imenso poder - legado de um período de exceção. São esses grupos que advogam o esquecimento, o silêncio. Sem eles, os militares não teriam cometido excessos. Incomoda a esses grupos o fato de seus criadores e sucessores terem as mãos sujas de sangue.
Não dá para esquecer. Uns poderiam ter comemorado o 31 de março; outros, lembrado seus mortos. Isso é história e uma história que não pode ser nem esquecida por ser um período doloroso para muitos, nem reescrita por ser incômoda para outros.
Quando se tenta reescrever a história nega-se a verdade às gerações futuras. Vejam o que estão fazendo com a Lava Jato. Os que se apropriaram do patrimônio público estão de novo nas ruas, assumindo posições de poder. E não foi golpe, foi uma revolução dos bichos. E nem foi preciso aposentar juizes compulsoriamente para mudar os rumos que a história tomava... É para você não esquecer e chorar...