Facção comemora tomada de territórios em Manaus. Governo ensaia reação
- Governo do Amazonas anuncia a instalação de um gabinete de crise, mas uma crise instalada e para a qual, pela omissão, tem contribuído muito
Quando uma organização criminosa vem pra rua e enche o céu da cidade de fogos de artificio para provar sua força é porque as instituições do Estado faliram ou se renderam.
As manifestações desta segunda-feira de uma Orcrim foram feitas para todo mundo ver. E se isso não é uma demonstração de força, que submete o Estado, os órgãos de controle e a polícia é o quê?
Na verdade, o motivo da comemoração era o domínio do território de outra facção criminosa. Mas o silêncio das autoridades é sintomático. Fecha-se os olhos a um risco maior - o de que a façanha de tomar hoje o território de rivais do trafico estimule a audácia de amanhã invadir delegacias, tomar o governo, desconstruir todo o tecido social fundado no bem comum, na lei, na ordem e na justiça.
O Governo anuncia a instalação de um gabinete de crise, mas uma crise instalada e para a qual, pela omissão, tem contribuído muito.
O risco é aumentar a crise e aprofundar o caos.
ASSUNTOS: Amazonas, cv, fdn, Guerra do tráfico, Manaus, pcc
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.