Falar demais dá cadeia
- O extremismo de uma minoria não é motivo para o presidente dizer que “vai civilizar o País”. O limite da fala é tão necessário quanto calar. E isso vale para Lula e para o fazendeiro que o ameaçou
As pessoas estão falando demais e dizendo o que não deveriam. As ameaças de morte contra o presidente Lula no Pará, postadas por um fazendeiro nas redes sociais, é um daqueles casos de uma confusa noção dos limites da fala, imposta pelo que chamamos de “liberdade de expressão”. As redes sociais estão cheias de gente sem noção, conectadas mas confusas e, por mais paradoxal que pareça, cada vez mais isoladas da realidade.
Lula reagiu usando o velho adágio. O de que “cachorro que late não morde:”. Tanto morde que a Polícia Federal fez uma operação para prender o acusado. Na sequência disse que vai fazer do Brasil um País civilizado”. Mas em que termos ?
O extremismo de uma minoria não é motivo para o presidente dizer que “vai civilizar o país”. Outra vez o limite da fala, tão necessário quanto calar.
A postura de Lula não tem sido aquela prometida em campanha, de unir o País e governar para todos.
Predomina, perigosamente, o “nós”e “nossos interesses” contra “eles”, como se o Brasil não continuasse dividido, como se para governar Lula não tivesse que erguer uma passagem subterrânea entre o Palácio do Planalto e o Congresso.
O que o governo e parlamentares conversam nos bastidores, é segredo de estado, até que uma liberação milionária de emendas do orçamento secreto, que agora tem outro nome seja divulgada, ou quando uma nomeação estranha expõe aos vísceras do atual governo.
Ou Lula mete na cabeça que o País mudou, que as pessoas mudaram e que as reações ao seu nome não são apenas de bolsonaristas, mas de conservadores que exigem uma pauta liberal, ou talvez termine o mandato enfraquecido, abrindo espaço para um extremista…O Brasil não merece…
ASSUNTOS: Liberdade de Expressão, Lula, Pará
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.