A falta que um ombudsman faz
O leitor não entende por que algumas matérias publicadas no Portal do Holanda e outros sites são tão vazias de informação. E não tem explicação mesmo, a não ser o pouco interesse na abordagem do fato. Uma reportagem na qual não conste quem é a vítima ou o autor da ação, quando o fato ocorreu e porque ocorreu, não deveria sequer ser publicada. Se o repórter não sabe ou não procura se informar, não cabe esperar que o leitor adivinhe. É algo irritante, mas recorrente.
Como diretor do Portal tenho conversado com a redação e feito críticas, mas não percebo avanços. A alegação é de que, no caso de matérias relativas a homicídios, a polícia não revela os nomes dos envolvidos. Mas cabe ao jornalista investigar. Para isso existe o registro policial, o livro no qual são anotadas as ocorrências. Pelo que sei, não há lei que proíba o acesso de jornalistas a essas informações.
Vejam o caso da matéria veiculada hoje sobre o assassinato de um homem que portava tornozeleira eletrônica. O que diz a matéria: que a vítima não tinha sido identificada. Ora, se portava tornozeleira era um preso em regime de liberdade vigiada. Portanto, tinha nome, registro no sistema prisional e vinha sendo monitorado. Não era difícil acionar a SEAP e puxar a ficha corrida da vítima.
Houve um tempo em que o Portal do Holanda tinha um ombudsman, que representava o leitor, papel conferido a jornalista Elizabeth Menezes, que sentava o pau, inclusive nos textos que eu escrevia. Teve problemas na vista, mas faz falta a uma redação que precisa entrar nos eixos e manter uma relação mais próxima com os leitores.
Os jornalistas de um modo geral precisam entender que, mesmo com a velocidade da informação, não podem errar, nem omitir. E há pela frente um cenário ruim: a inteligência artificial, que começa a tomar o espaço de muitos jovens que sonharam em fazer jornalismo…
ASSUNTOS: Inteligência Artificial, ombudsman, Portal do Holanda
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Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.