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Faltou Inteligência ao governador do Amazonas


Por Raimundo de Holanda

22/06/2021 23h19 — em
Bastidores da Política


  • Um pedido de desculpas à família do motorista Sérgio Fragoso, morto na desastrada ação policial de sexta-feira, restituiria a Wilson Lima o pouco que restou da dignidade de um governador sobre o qual recai a suspeita de comandar uma organização criminosa tão nociva quanto a que a policia do Rio foi chamada a combater em Manaus.

O governador do Amazonas, Wilson Lima,  usou as redes sociais para parabenizar o trabalho da  Policia Civil na captura de integrantes do Comando Vermelho que provocaram terror na primeira semana de junho em Manaus, incendiando ônibus, atacando prédios públicos e bancos. O governador cometeu  dois erros:

1- As prisões não foram feitas pela Polícia Civil do Amazonas, mas por agentes enviados a Manaus pela Secretaria de Segurança do Rio de Janeiro, que monitorava a ação dos criminosos a partir de um trabalho de inteligência que identificou, inclusive, as empresas de fachada que lavavam o dinheiro do tráfico no Amazonas.

2 - O único trabalho de "inteligência'"que contou com operadores da Seai, a Secretaria criada para ser o cérebro do governo em questões de segurança, com informações vitais sobre  pessoas procuradas ou investigadas, errou na definição de um dos alvos. A casa indicada pela Seai era a do motorista Sérgio Fragoso, morto na desastrada ação policial as 4 horas da madrugada.

O governador, tentando seguir a mesma linha do presidente Bolsonaro, de desrespeito a normas legais e de amplio e irrestrito apreço à atividade policial, mesmo quando equivocada, não manifestou solidariedade à família do motorista.

Um pedido de desculpa restituiria a Wilson Lima o pouco que restou da dignidade de um governador acusado de corrupção, e de comandar uma organização criminosa tão nociva à sociedade quanto a que a polícia do Rio teve que ser chamada a combater em Manaus. 

A Defensoria Pública está entrando no caso, para  pedir reparação à família, mesmo não sendo provocada. O faz em razão do precedente aberto pela Polícia. 

“A casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial.”, conforme assegura o  inciso XI do Artigo 5º  da Constituição Federal, flagrantemente violado pela policia do governador Wilson Lima.

O Ministério Público colocou três promotores no caso. Quer explicações, não vai deixar solta a investigação  que a Delegacia de Homicídio começou a fazer. Não vai prevalecer, ao menos desta vez, o espirito de corpo, que protege maus policiais e faz de inocentes como Sérgio, criminosos de ocasião.

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Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.