Fametro compra um grande problema
A Santa Casa não existia mais no momento do leilão no qual suas ruínas foram arrematadas pelo Grupo Fametro. Nos próximos dez meses - prazo para o grupo pagar o lance de R$ 9 milhões dado ontem - nada poderá ser mexido no local. O prédio, de mais de 100 anos, é tombado pelo Patrimônio Histórico e esse pode ser o gargalo da Fametro para a construção de um hospital no local.
Se for exigido, como é regra, que seja mantida a arquitetura original e não apenas a conservação da fachada, o custo de restauro tornará o projeto inviável.
Manter as características espaciais e construtivas originais é um problema. Mas se essa exigência for de fato a regra adotada para o casarão fantasma da Santa Casa, a Fametro terá que reconstruir o salão nobre, o jardim, a escadaria de madeira, a capela em estilo gótico, os pátios com pisos importados, entre outras propriedades originais do prédio.
Quem achou que o lance de R$ 9 milhões foi uma “bagatela”, considerando a avaliação do imóvel em R$ 15 milhões, está enganado. A Fametro não comprou um hospital, comprou um problema. E pagou caro.
ASSUNTOS: fametro arremata Santa Casa em Leilão, Manaus, santa casa decreta falência
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.