A família alucinada de Djidja Cardoso e o castigo da abstinência
O trabalho da Polícia do Amazonas para esclarecer a morte prematura de Djidja Cardoso, ex-sinhazinha do Boi Garantido, é digno de elogios, mas pecou pelo excesso. É fato que o grupo familiar era viciado em ketamina e acreditava na imortalidade, mas daí afirmar que constituía uma seita é um exagero.
Mesmo que a família, drogada, alucinada no seu desvario pensasse em compartilhar o vício com funcionários e clientes do salão Bella Femmer, ainda assim esse comportamento doentio está longe de configurar a existência de uma seita, exatamente pela falta de coesão do grupo e pela ausência de qualquer controle a outras pessoas, inclusive funcionários que supostamente teriam sido assediados.
O fato de a mãe da Djidja Cardoso, Cleusimar Cardoso, ter dito ao delegado
Cícero Túlio, que ele poderia participar do grupo - isso no momento da prisão, revela o estado de confusão mental da acusada.
O que a polícia encontrou foi uma família destruída pela droga e, nesse aspecto, fez um trabalho exemplar.
O resto é fantasia, como o fato noticiado de que os familiares e amigos participavam de cultos da suposta seita nus e não tomavam banho. Aqui, todos os ingredientes para um romance ruim ou um filme de terceira categoria.
A questão agora é o que fazer com essa família. A prisão não resolve. A crise de abstinência da droga começa a aparecer e com ela o desespero e a loucura. Um novo desafio para as autoridades.
ASSUNTOS: Amazonas, boi garantido, Djidja Cardoso, Manaus, seita
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.