A declaração do publicitário Durango Duarte, CEO da empresa Perspectiva, Opinião e Mercado, de que há fraude em pesquisas eleitorais realizadas por institutos locais, com registro no Tribunal Superior Eleitoral, é gravíssima. 

Mais do que uma apuração severa - que leva tempo e não minimiza eventuais estragos provocados, urge ao Tribunal suspender publicações de novas sondagens, ainda que temporariamente, até a criação de um corpo técnico que avalie cada amostragem e ateste sua veracidade. 

Pode não ser o melhor remédio, mas testes estatísticos viciados têm um efeito danoso no  mesmo eleitorado que o TSE tenta blindar contra os efeitos das notícias fraudulentas.

O Tribunal, entretanto, tem contribuído para esse tipo de estatística na medida em que considera uma pesquisa "verdadeira" desde que seus autores registrem na corte e obedeçam o prazo de cinco dias para publicação, mas não dispõe de mecanismos para  avaliar se o conteúdo é minimamente razoável, tarefa que atribui a terceiros interessados.

Se ninguém contesta, a pesquisa é divulgada. O tribunal, que tem manifestado séria preocupação com fake news, inteligência artificial e as bolhas que espalham mentiras pela internet, precisa olhar para o seu próprio quintal, onde supostas pesquisas fraudulentas são registradas, ganham um número e oportunidade de ser divulgadas, contaminando todo o eleitorado.

Abaixo, um trecho da entrevista reveladora de Durango Duarte ao site Realtime:

"Apesar de algumas empresas só realizarem pesquisas em períodos eleitorais, e por esse motivo não possuem experiência, nem estrutura profissional de pesquisa, não seria ético comentar o trabalho realizado por elas. Mas pelo que tenho acompanhado, dos 13 estudos publicados, de 9 a 10 devem ser denunciados e impugnados por fraude, incoerências, inconsistências ou por equívoco no registro. Tive acesso a alguns relatórios e fiquei estarrecido com o que vi. Diria que há casos de fraude comprovadas e caso essa seja a conclusão da Justiça Eleitoral, três empresas regionais deverão fechar as portas imediatamente, pois já estarão com seus portfólios comprometidos e manchados na história. No entanto caso a Justiça simplesmente decida apenas impugnar e não condenar por fraude, farei um artigo explicando didaticamente os crimes eleitorais".