Globo seduz governo do Amazonas. Sociedade quer explicações
- Às favas os contratos e a segurança jurídica que deles derivam. Na prática foi essa mensagem passada pelo governador do Amazonas, Wilson Lima, ao romper de forma unilateral, a exclusividade de transmissão do festival de Parintins pela Rede Calderaro. Um governador eufórico disse: "a Globo é a segunda emissora do Planeta". Pode ser. Ou ter sido.
A audiência da Globo vem caindo diante do surgimento de novas mídias, mas ainda que continue sendo a mais sintonizada pelo telespectador, não dá ao governador do Amazonas o direito de subtrair acordos legais anteriormente estabelecidos.
Mesmo considerando que a Globo, com sua capacidade de informar, desinformar (lembram do episódio da Escola Base?), levantar a bola ou destruir qualquer governo, a euforia do governador Wilson Lima faria sentido se o contrato firmado com a emissora fosse divulgado, mostrando as vantagens financeiras dessa concessão.
Como nas transmissões do Carnaval e dos jogos de futebol, a Globo paga pela transmissão. Quanto pagará para transmitir o Festival de Parintins? É esse o ponto que, se esclarecido, pode até justificar, em termos, a forma como o governador Wilson Lima conduziu um negócio ainda nebuloso.
Primeiro precisa esclarecer quem financiou o jatinho que saiu de Manaus para buscar em Parintins representantes do Caprichoso e Garantido para reunir com (ele, o governador e) o empresário Phelippe Daou, momento em que o suposto contrato foi firmado.
Foi a Globo ? Foi Phelippe Daou ou o contribuinte - você que está lendo a coluna e que vai pagar mais uma vez pelos excessos do governo?
Segundo, se houve um contrato, quais valores envolvidos? Quanto a Globo destinará a cada bumbá e ao governo do Amazonas?
É sabido que a decisão da Globo de entrar na disputa pela transmissão do festival de Parintins ocorreu depois que empresas de grande porte que patrocinaram o Big Brother Brasil mostraram interesse. No reality Show estima-se que a emissora faturou com patrocínio R$ 1,5 bilhão.
Como a Globo gosta de dinheiro - quem não gosta? - é muito provável que trabalhe com estimativa de faturamento de ao menos metade desse valor com o Festival de Parintins.
Muita coisa ainda precisa ser esclarecida. E o govenador pode fazer isso, em razão de um dever constitucional - de dar transparência aos atos de seu governo.
ASSUNTOS: Amazonas, Caprichoso, Festival de Parintins, Garantido, Globo, Rede Calderaro
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.