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Golpe na Coreia e no Brasil


Por Raimundo de Holanda

03/12/2024 21h02 — em
Bastidores da Política


  • A democracia sempre estará sujeita a golpes. Por si mesma é um sistema instável, ao permitir ampla liberdade aos cidadãos, mas ao mesmo tempo está ancorada em leis, em uma representatividade popular forte nos parlamentos, o que parece não se aplicar ao Brasil real.
  • Na Coreia, os parlamentares salvaram a democracia. No Brasil, eles se omitiram ou foram coniventes , o que permitiu o protagonismo do ministro Alexandre de Moraes.

A tentativa de golpe na Coreia do Sul foi minada pela força do Parlamento, que rejeitou a imposição de uma lei marcial proposta pelo presidente Yoom Suk Yeol. Não há similaridade entre a tentativa de golpe em Seul, nesta terça-feira, e em Brasília, no final de 2022. Mas há atores invertidos. 

Na Coreia, houve a reação enérgica e decisiva do Poder Legislativo, enfrentando um presidente com inclinações ditatoriais, derrubando o decreto de Lei Marcial que restringia liberdades civis e instalava uma ditadura no País,  enquanto no Brasil a apatia dos parlamentares beirou a omissão ou a conivência, o que permitiu o protagonismo do ministro Alexandre de Moraes.

Surpreende, pois, a preocupação do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, com a democracia na Coreia. Até hoje o Senado brasileiro não assumiu sua função de corrigir distorções na posição do Supremo, que "defende" a democracia ignorando princípios básicos, como o devido processo legal e a ampla defesa de acusados, mesmo de golpe de estado.

Volta a paz na Coreia. A democracia sempre estará sujeita a golpes. Por si mesma é um sistema instável, ao permitir ampla liberdade aos cidadãos, mas ao mesmo tempo está ancorada em leis, em uma representatividade popular forte nos parlamentos, o que parece não se aplicar ao Brasil real. 

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ASSUNTOS: Alexandre de Moraes, Brasil, Golpe na Coreia do Sul, Xandão

Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.