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Golpe que Bolsonaro pretende dar tem apoio camuflado dos políticos


Por Raimundo de Holanda

01/08/2021 18h46 — em
Bastidores da Política



O sonho de Bolsonaro  permanecer no poder após 2022, sem nenhum esforço, sem a chancela do eleitorado, é o mesmo sonho de governadores impopulares, como Wilson Lima, do Amazonas, e de parlamentares que sabem o quanto será  difícil a reeleição.

O presidente Bolsonaro não é o bobão  que todos pensam. Enquanto alimenta sua trupe com ideias extravagantes, o Parlamento trabalha silenciosamente para introduzir medidas que favoreçam o seu projeto de poder. No  final, não haverá um golpe, como muitos pensam, porque caminha-se para facilitar, seja através de Emenda Constitucional, seja através de projetos aprovados pelo Legislativo, alternativas legais para Bolsonaro permanecer no poder além de 2022, sem voto auditável e sem eleição, como ele quer.

A equação  é sempre. Em não havendo eleição haverá naturalmente a prorrogação de mandatos, o que beneficiaria todos os governadores atuais, os 513 deputados federais, um terço dos senadores que encerram o mandato em 2022. E todos os estaduais, milhares de servidores empregados em gabinetes, além de uma redução substancial de gastos, que chegaria a alguns bilhões de reais. Impossível ? Nem tanto.

O sonho de Bolsonaro  permanecer no poder após 2022, sem nenhum esforço, sem a chancela do eleitorado, é o mesmo sonho de governadores impopulares como Wilson Lima, do Amazonas, e de parlamentares que sabem o quanto será  difícil a reeleição.

Bolsonaro sabe que não está sozinho nessa empreitada e que nem precisa de "golpe". Não o golpe tradicional, com apoio de tanques dos militares e do fechamento do Congresso. Afinal, já cooptou o Legislativo, tem a Procuradoria Geral da República debaixo do braço e colocou o primeiro tentáculo no Supremo Tribunal Federal. Outro dedão bolsominho será  colocado nos próximos dias.

Essa é a forma das ditaduras do século 21, usando os legisladores. os magistrados e todos os instrumentos que o direito oferece, especialmente em um Pais que aprova leis todos os dias, que faz da Constituição uma colcha de retalhos, e que elegeu Bolsonaro para destruir todas as conquistas democráticas dos últimos 40 anos.

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Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.