Governadores 'peitam' Bolsonaro na tentativa de conter autoritarismo
- Hoje são os governadores dizendo, com outras palavras: “ei, peraí Presidente ! Vc não pode dizer o que devemos fazer, não somos subordinados a você, assim como não mandamos nos prefeitos, nem damos ordens a eles.” E quando esse sentimento tomar as ruas?
Por enquanto é uma reação dura, em busca do diálogo perdido. E uma tentativa dos governadores de manter o pacto federativo, que o presidente Bolsonaro insiste em violar, com todos os riscos que isso implica para a democracia.
O pacto é um valor constitucional que deve ser preservado, porque garante autonomia aos governos dos Estados e dos Municípios e, de certa forma une o País em torno de projetos comuns, compartilhados entre os entes que compõem esse tratado.
A reação dos governadores é uma tentativa de evitar o desequilíbrio de forças e amenizar o tom autoritário adotado pelo presidente.
Assinada por 20 governadores, entre eles o do Amazonas, Wilson Lima, a carta chama a atenção de Bolsonaro para intervenções indevidas e autoritárias de seu governo, mas chama o presidente para um diálogo aberto e construtivo.
É ingênuo supor que Bolsonaro atenda o apelo - ele é autoritária, intempestivo, emocionalmente instável.
Nesse momento deve estar pensando o que poderia fazer para retaliar os que ousam confrontá-lo. Falta ao presidente bom senso, respeitar a liturgia do cargo, zelar pelo país, governar não apenas para seus seguidores extremistas e os apoiadores evangélicos, mas para todos.
Hoje são os governadores dizendo, com outras palavras: “ei, peraí. Vc não pode dizer o que devemos fazer, não somos subordinados a você, assim como não mandamos nos prefeitos, nem damos ordens a eles.”
Bolsonaro precisa aprender o que é uma democracia e que governo algum prospera sem o diálogo.
Por enquanto são os governadores a se rebelarem. E quando esse sentimento chegar as ruas ?
ASSUNTOS: Bolsonaro, carta dos governadores, democracia, extrema direita, Pacto Federativo
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.