Governo Bolsonaro tem legitimidade para comemorar golpe de 64
A sociedade - ou parte dela - ainda não percebeu que o governo Bolsonaro é militar. Que os militares retornaram ao poder pelos braços do povo. Portanto, se opor as comemorações deste 31 de março, ou os 55 anos da deposição do presidente João Goulart, faz pouco sentido.
Não importa o que vai ser lido, dito ou comemorado neste domingo dentro dos quartéis. Importa que os brasileiros, divididos na última eleição, pediram o retorno dos militares e a vitória de Bolsonaro representou claramente esse desejo.
Foi um retrocesso? Um passo para trás? Claro que foi. Mas esse é o preço das escolhas que se faz e na democracia se erra muito e se acerta muito pouco.
Ainda é, entretanto, o melhor sistema de governo. No caso brasileiro, com mais riscos porque instituições como o Supremo Tribunal Federal têm sido alvos de ataques cuja origem todos conhecem.
A decisão da desembargadora Maria do Carmo Cardoso, do Tribunal Federal da 1ª Região, suspendendo determinação da 6ª Vara Federal que proibia os atos de comemoração do golpe militar de 1964, de certa forma representa um revés para o Ministério Público Federal, que havia feito uma recomendação em contrário.
O próprio MPF precisa rever seus conceitos e olhar o governo do Brasil como ele de fato é: militar, autoritário.
Aderir a ele como fez o ex-juiz da Lava Jato, Sérgio Moro, foi desconhecer seus defeitos e os riscos que representa para o futuro do Pais. Mas, como disse acima, somos vítimas de nossas escolhas, muitas vezes equivocadas.
ASSUNTOS: Bolsonaro, Brasil, golpe de 64, lula, luta armada, militares
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.