Guerra de egos e a democracia, que é apenas um conceito
- Se Bolsonaro foi, enquanto presidente, “golpista” e uma ameaça à democracia, o que dizer dos que restringem direitos, inibem a livre manifestação do pensamento e a ampla defesa de acusados?
170 mil - Folha/Globo, com base em olhômetro da USP; 700 mil, segundo a Polícia Militar de São Paulo.Enquanto não se chega a um consenso sobre o número de pessoas na Avenida Paulista, no domingo, em ato convocado pelo ex-presidente Bolsonaro, de uma coisa ninguém discorda: o público foi grande e impressionou. O próprio presidente Lula, em entrevista ao jornalista Kennedy Alencar, admitiu: “as imagens da manifestação mostram o tamanho do ato”.
É um equivoco afirmar que ali estavam apenas bolsonaristas, uma extrema direita cega que tanto mal fez ao país. Estavam, em sua maioria, brasileiros que começam a se manifestar, ainda que silenciosamente, contra a censura e contra a supressão de direitos fundamentais sob a justificativa esdrúxula das autoridades de que todo esse retrocesso é necessário para preservar a democracia.
Se Bolsonaro foi, enquanto presidente, “golpista” e uma ameaça à democracia, o que dizer dos que restringem direitos, inibem a livre manifestação do pensamento e a ampla defesa de acusados?
O conceito de democracia mudou ao sabor das elites no poder e da guerra de egos. O povo que se dane, que suporte privações. A maior delas, a perda paulatina do direito de se expressar livremente.
Voltando a Lula, que reconheceu o tamanho da manifestação na Avenida Paulista, é lamentável que ele tenha atribuído o ato a "uma defesa do golpe”.
ASSUNTOS: Bolsonaro, democracia, Liberdade de Expressão, Lula
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.