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A imagem da família de Djidja Cardoso


Por Raimundo de Holanda

08/06/2024 19h14 — em
Bastidores da Política


  • O delegado Guilherme Torres tem razão ao defender o direito de imagem da família de Djidja, mas a porteira foi aberta pela própria polícia. O que não justifica a ação violenta com que o caso foi abordado pelos jornalistas na cobertura ao vivo.

O delegado Geral, Guilherme Torres, tem manifestado preocupação com a excessiva exposição do nome e da imagem da ex-sinhazinha do Garantido, Djidja Cardoso, que perdeu a vida em 28 de maio em razão de uma overdose da droga Ketamina. Mas a exposição que preocupa o delegado ocorreu a partir de um vazamento do inquérito policial até então sob segredo de Justiça.

Um vazamento que a polícia precisa explicar, como é dever da instituição esclarecer porque as operações de busca e apreensão na casa da família de Djidja foram acompanhadas por um batalhão de repórteres. Ali, a polícia deixou de cumprir seu dever de preservar a segurança dos presos, ao permitir que jornalistas promovessem, ao vivo, um verdadeiro linchamento moral dos acusados.

O delegado tem razão ao defender o direito de imagem da família de Djidja, mas a porteira foi aberta pela própria instituição. O que não justifica a ação violenta com que o caso foi abordado pelos jornalistas na cobertura ao vivo.

Se a polícia foi omissa, parte da imprensa agiu de forma açodada e eticamente reprovável. O vídeo abaixo  - vamos republicar novamente, como exemplo do que não pode se tornar uma regra em futuras coberturas ao vivo -  revela esse momento de descontrole dos repórteres...

O caso, pela repercussão que teve, pela morte da ex-sinhazinha, pelo envolvimento de uma clínica veterinária no fornecimento da droga e na versão discutível de que havia uma seita sendo criada, merecia  ser abordado de forma profissional. Faltou o bom jornalismo na cobertura ao vivo. Faltaram  jornalistas perguntando mais e inquirindo menos, investigando e informando os ouvintes e leitores.  E faltou à polícia entender que seu papel não é apenas prender. É, quando prender, proteger física e moralmente os acusados.

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ASSUNTOS: Djidja Cardoso, Seita Manaus, Sinhazinha do Garantido

Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.