Indenização das famílias de mortos em presídio pode não sair
Jornais de todo o mundo noticiaram com destaque o massacre de presos em Manaus. A Anistia Internacional e a ONU alertaram que é responsabilidade das autoridades brasileiras garantir a vida dos detentos e pediram que o governo do Amazonas investigue de forma "imparcial e imediata" o caso.
O ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, que esteva ontem em Manaus, foi duro: "presídio não é de facção, presídio é do poder público". Deve ter calado a cúpula da segurança, que fala muito erm facção criminosa, sem se ater ao fato de que olhou com certo desdém as ameaças de rebelião que os próprios detentos ´divulgavam ' pelo aplicativo Whatsapp.
A surpresa pelo ocorrido, se houve, é porque mesmo com uma câmera secreta dentro do presídio, nem a Seap nem a Secretaria de Segurança deram a devida importância ao movimento dos presos. Nem mesmo quando a matança começou houve quem agisse. Agora correm atrás do prejuizo, que é grande.
O governador José Melo tenta resolver o problema da melhor forma possivel e acena com a imediata indenização das familias dos presos mortos. O gesto do governador é positivo, mas impossivel de ser efetivado no curto prazo. Primeiro porque é preciso apurar se os que morreram foram apenas vitimas da violência dos colegas de presídio. Se participaram da rebeliao as familias perdem direito a indenização. Segundo , instaurar o procedimento administrativo para formalizar o pagamento,se for o caso. Isso pode levar anos. (RH)
LINGUAGEM É A MESMO, O ERRO TAMBÉM
Os governos estadual e federal usaram a mesma linguagem para apontar uma ‘solução’ para a questão da superlotação dos presídios no Amazonas: construir novas penitenciárias. Ou seja, fala-se em locais para prender mais pessoas, ampliando os espaços para a atuação das facções criminosas . Total silêncio sobre locais para se educar e se reeducar socialmente as pessoas. Uma pena.
TRANSFERÊNCIA DE PRESOS
O ministro Alexandre de Moraes aguarda apenas a identificação dos responsáveis pelo massacre que deixou 56 mortos no Compaj e mais quatro na UP do Puraquequara, no fim de semana, para determinar a transferência dos mesmos para presídios federais.
ASSUNTOS: Manaus, massacre, presos
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.